- Até duas, se
preciso for.
- A tocadora de
gaita vai voltar a fazer parte de nossas vidas?
Tim assentiu, afirmando um suposto sim.
Por dentro estava
sorrindo, como quem distribuía alegria aos quatros cantos do mundo.
- É uma pena, preferia que ela não tivesse voltado.
Pensava
totalmente o contrario. (...)
- Posso fazer outra
pergunta?
- Mas
não era só uma coisa?
- Uma serie de
perguntas, sobre tal coisa...
- Diga.
- Você à ama?
- Não. (
Sim, eu à amo.)
- Você já me
amou um dia?
- Desde que te vi
sorrir. ( Apenas quando te vi sorrir pela primeira vez.)
- Você ainda me
ama?
- Amo querida.
(Não, eu não te amo....)
- Achas que ela vai
atrapalhar nossa vida?
Para isso,Tim não
tinha respostas.
Suspiros e
sussurros dentro de sua mente... Uma longa pausa e ele respondeu:
- Não, não vai.
Ana sorriu e disse
com toda a fé existentes em sua alma:
- Eu confio em você
Tim, faça me feliz assim como o faço e me permita ser seu grande
amor.
Tim olhou bem no
fundo dos olhos dela e lhe jurou que tudo iria ficar bem.
Depois de tanto,
pensamentos invadiram sua mente.
'' Eu sou um covarde,
um maldito covarde!
Nutrindo os
sentimentos de Ana, enquanto Carolina é a única dona do meu
coração.
Carolina é minha
perca de sentido, é minha terra sem chão.
Carolina é tudo o
que eu não tenho nas mãos, minha instabilidade, meus medos, meu
riso e meu canto. Carolina é tudo o que eu tenho, Carolina é o meu
coração. Meu sopro de vida, meu copo cheio de morte. Seus beijos,
suas quedas... Suas mãos. Nossas histórias...
O tilintar de
xícaras após nosso sexo, seu modo de tocar gaita quando está
feliz. Carolina, não é desse mundo... Ela é o meu anjo, só não
sabe disso.
Não posso mais
ferir Ana assim. Não posso. Não consigo nem descreve-la, tamanha
minha admiração. Ana é minha família, meu porto seguro. O meu
para quedas resistente.
A musica
repetitiva no radio... A macarronada no domingo e o cinema com as
crianças.
É
o riso repetido mil vezes no fim de um dia difícil.
Serei eu que
especie de homem? Covarde por ferir a mulher de minha vida ; ou
covarde por não lutar pelo amor?
Carolina deve
estar mais linda. Ouvi dizer que os ventos de Veneza em sua pele
amanteigada só serviram para espreitar os detalhes de sua rica
beleza. Seus olhos verdes, como agua... Seu nariz perfeito... Suas
maças rosadas. Seu sorriso iluminador.
Não posso
escolher entre as duas... Porém , não posso ficar sem escolher.
Dentre
tantas idas e vindas, devo escolher Ana.
Não
seria justo se não o fizesse, essa mulher não tem nada só tem a
mim... Já Carolina é uma mulher do mundo, tem tudo e todos aos seus
pés. Cheia de amores e aventuras.
Ficarei
com Ana e fim. Cala-te coração e aquiete-se. Trate de fazer Ana a
mulher mais feliz deste mundo.''
Era
a coisa mais sensata a ser feita... Então,Tim lutou contra seus
instintos e permaneceu vivendo seu teatro de família feliz.
(...)
Meses depois, no
passeio rotineiro de domingo de manhã, lá estava ela, sentada com
toda sua rebeldia estampada no rosto, com sua gaita nos lábios...
Os encarou
ferozmente sem pudor algum.
Tim já não era
mais dono de si, soltou a mão de Ana e correu para os braços de
Carolina, ela sorriu,o abraçou com firmeza e sutilmente disse:
- Agora me largue,
eu vim buscar Ana.
Um sopro de vida pairou
no ar, Ana sorriu uma felicidade jamais vivida e tudo o que foi capaz
de dizer a Tim foi:
- Não fostes capaz
de escolher entre nós. Portanto o fizemos.
Carolina tinha um
Opala, roubado, antigo... O que lhe trouxera até ali. Tomou Ana
pelas mãos e as duas se foram. Um suave adeus,foi dito
simultaneamente. E tudo o que restou para Tim foi uma gaita e uma
saudade.
Dizem que quando a
tristeza aperta, sua melodia torna-se muito mais agradável.
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