'' Algumas pessoas de tão doces, enjoam. Alguns venenos de tão amargos, conquistam.''

janeiro 04, 2012

O tocador de gaitas.





- Me responde uma coisa?
- Até duas, se preciso for.
- A tocadora de gaita vai voltar a fazer parte de nossas vidas?


Tim assentiu, afirmando um suposto sim.
Por dentro estava sorrindo, como quem distribuía alegria aos quatros cantos do mundo.


- É uma pena, preferia que ela não tivesse voltado.

Pensava totalmente o contrario. (...)
- Posso fazer outra pergunta?
- Mas não era só uma coisa?
- Uma serie de perguntas, sobre tal coisa...
- Diga.
- Você à ama?
- Não.  ( Sim, eu à amo.)
- Você já me amou um dia? 
- Desde que te vi sorrir. ( Apenas quando te vi sorrir pela primeira vez.) 
- Você ainda me ama?
- Amo querida.  (Não, eu não te amo....)
- Achas que ela vai atrapalhar nossa vida?

Para isso,Tim não tinha respostas.
Suspiros e sussurros dentro de sua mente... Uma longa pausa e ele respondeu: 
- Não, não vai. 
 Ana sorriu e disse com toda a fé existentes em sua alma: 
- Eu confio em você Tim, faça me feliz assim como o faço e me permita ser seu grande amor. 
Tim olhou bem no fundo dos olhos dela e lhe jurou que tudo iria ficar bem.

Depois de tanto, pensamentos invadiram sua mente.

'' Eu sou um covarde, um maldito covarde!
Nutrindo os sentimentos de Ana, enquanto Carolina é a única dona do meu coração.
Carolina é minha perca de sentido, é minha terra sem chão.
Carolina é tudo o que eu não tenho nas mãos, minha instabilidade, meus medos, meu riso e meu canto. Carolina é tudo o que eu tenho, Carolina é o meu coração. Meu sopro de vida, meu copo cheio de morte. Seus beijos, suas quedas... Suas mãos. Nossas histórias...
O tilintar de xícaras após nosso sexo, seu modo de tocar gaita quando está feliz. Carolina, não é desse mundo... Ela é o meu anjo, só não sabe disso.

Não posso mais ferir Ana assim. Não posso. Não consigo nem descreve-la, tamanha minha admiração. Ana é minha família, meu porto seguro. O meu para quedas resistente. 
A musica repetitiva no radio... A macarronada no domingo e o cinema com as crianças.
É o riso repetido mil vezes no fim de um dia difícil.

Serei eu que especie de homem? Covarde por ferir a mulher de minha vida ; ou covarde por não lutar pelo amor?

Carolina deve estar mais linda. Ouvi dizer que os ventos de Veneza em sua pele amanteigada só serviram para espreitar os detalhes de sua rica beleza. Seus olhos verdes, como agua... Seu nariz perfeito... Suas maças rosadas. Seu sorriso iluminador.

Não posso escolher entre as duas... Porém , não posso ficar sem escolher.
Dentre tantas idas e vindas, devo escolher Ana.
Não seria justo se não o fizesse, essa mulher não tem nada só tem a mim... Já Carolina é uma mulher do mundo, tem tudo e todos aos seus pés. Cheia de amores e aventuras.
Ficarei com Ana e fim. Cala-te coração e aquiete-se. Trate de fazer Ana a mulher mais feliz deste mundo.''

Era a coisa mais sensata a ser feita... Então,Tim lutou contra seus instintos e permaneceu vivendo seu teatro de família feliz.

(...)

Meses depois, no passeio rotineiro de domingo de manhã, lá estava ela, sentada com toda sua rebeldia estampada no rosto, com sua gaita nos lábios...
Os encarou ferozmente sem pudor algum.

Tim já não era mais dono de si, soltou a mão de Ana e correu para os braços de Carolina, ela sorriu,o abraçou com firmeza e sutilmente disse:
- Agora me largue, eu vim buscar Ana.

Um sopro de vida pairou no ar, Ana sorriu uma felicidade jamais vivida e tudo o que foi capaz de dizer a Tim foi:
- Não fostes capaz de escolher entre nós. Portanto o fizemos.

Carolina tinha um Opala, roubado, antigo... O que lhe trouxera até ali. Tomou Ana pelas mãos e as duas se foram. Um suave adeus,foi dito simultaneamente. E tudo o que restou para Tim foi uma gaita e uma saudade.

Dizem que quando a tristeza aperta, sua melodia torna-se muito mais agradável.


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