'' Algumas pessoas de tão doces, enjoam. Alguns venenos de tão amargos, conquistam.''

julho 05, 2011

Verdadeira armadura


Era linda com um coração enorme, mas o medo.. este que deveria ser minimo quase imperceptível era do tamanho do mundo. Não entendia que para viver precisava correr riscos, enfrentar o medo, sofrer um pouco e sorrir muito, com quase nada.
Coitada tão linda e tão sozinha. Sonhava a toa, escrevia mais ainda. Idealizava o mundo de sua janela e este passara a ter as cores que escolhera. Tudo monocromático, apenas os dias de festas eram classificados como os fruta-cor, mas estes não eram seus favoritos. Pois a menina tinha tanto medo, que até o verde folha do chão e o azul tempestade nos fins de tarde a assustavam.
Tanta ingenuidade confundida com conformismo. Tantos amores perdidos ao acaso,tantos historias que faziam sucesso e seu próprio livro,não continha uma palavra sequer.
Tudo tão triste e para nossa pequena heroína tudo tão normal, tudo sem cheiro, sem intimidade, sem risada estranha e coração acelerado.
Não diria que era infeliz, era apenas menina, com olho de vidro,cuja as ideias amanheciam com o dia, das quais as melhores eram escrever sobre certos alguém(s)...
Acreditava fielmente que ler sobre as manchas de café no tapete que recordavam memorias, era menos doloroso do que limpa-las com as próprias mãos. Analisava cada sorriso visto de sua janela durante o dia e concluía que jamais um rosto sorri apenas por um motivo e sozinha se consolava, através do espelho, fazia careta e ria de si, como se de fato fosse feliz. Certa vez lhe ocorreu a ideia, de vestir uma armadura de prata, com a finalidade de se proteger de tamanho medo, acostumou-se com a tal e nunca mais tirou. Fechou-se ainda um pouco mais, dentro de si.
Não se iludia, não enganava aos outros, tão pouco mentia.
Não sentia medo,não sofria; nem chorava.
Mas eu sinto pena, desta pobre coitada. Linda, com um rosto delicado, feito milimetricamente com detalhes sublimes, mãos macias feito algodão, dedos em que as canetas percorram diversas vezes e se cansaram da palavra amor, escrita milhões de vezes... Porém seu grande coração nunca chegou perto do significado.
A janela, o sofá, a casa ... Tudo muito arrumado. Tudo sem um pingo de risco, ela completamente sem medo e tudo sem graça.
Avisem a esta menininha que sobre o amor não se escreve, que diante dele não se usam olhos de vidros.. e nem mãos aveludadas.
Usa-se muito de confusão, toque,silêncio e barulho ao mesmo tempo.Ouve-se musica alta, chora-se baixinho, existe frio na barriga e a quase perca de esperança. Existe o medo... mas o que mais conforta no amor, é que apenas dentro dele existe o único abraço capaz de acalmar e de nos fazer suportar qualquer dor e que armadura nenhuma resiste a um pedido de desculpas, um beijo roubado e um buque de flores remetente à mais pura felicidade.

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