'' Algumas pessoas de tão doces, enjoam. Alguns venenos de tão amargos, conquistam.''

janeiro 09, 2011

Reticências ...


Mais um capitulo de uma história que eu não queria contar. Mas minha vida é assim mesmo, cheia de amores imperfeitos. E no meu caso, estes não as flores da estação.
Aliás só chove.. e isso anda atrasando muito minha vida.
Antes de ir -se por inteiro, ele me olha com tanta ternura tentando se redimir.. acha que dizer eu te amo vai me ferir menos. .. Isso serve apenas para que eu veja o tanto, que este não me conhece, qualquer um que saiba um pouco sobre mim, sabe o quanto estas três palavras ditas sem sentimento são capazes de me ferir. Ao seus olhos pareço uma bonequinha de porcelana. como isto é triste. Eu queria que me olhasse assim dentro dos olhos todos os dias. E não apenas quando ele julga isto tão necessário, quanto um pedido de desculpas por uma noite de farra.
Me olhando de fora, acho tão deprimente.. quando saio de mim e olho para mim mesma, quando vejo de perto a criatura que me tornei, quando observo o quanto deixei esta tristeza fazer parte de mim.
Nos momentos mais difíceis sozinha. Nas horas mais felizes sozinha. Jogando paciência.
Ando também sem paciência para a internet. Me sento aqui e despejo este monte de bobagens que ninguém jamais vai ler, se caso acontecesse.. me chamariam de louca e não seriam capazes de compreender toda esta minha grande angustia, que eu já desisti de tentar descobrir de onde vem. Minhas palavras em desuso, meu cabelo e maquiagem que foram total desperdício, e minhas mensagens melancólicas; implorando por um pouco de amor.
Escutando sempre Legião Urbana, se possível o disco A tempestade, que há tempos se tornara meu preferido de longe, mas quase ninguém sabe. Pois ainda mantenho uma certa resistência quando o assunto é o mestre Renato Russo. Ele é incrível, fez suas letras antes mesmo de eu nascer, e hoje posso concordar que é o único capaz de ler minha alma, com tanta persuasão. Letras que traduzem
com as mais sabias palavras, toda a expressão de indignamento que está presa na minha garganta, como um comprimido entalado.
Falando nisso, estou pensando seriamente em fazer como Veronika, uma heroína que conheci através de Paulo Coelho, o grande poeta do seculo, ao menos para mim.
Só não sei onde encontra los.. e quando fecho meus olhos e penso em me matar, penso muito em minha vó e nele. As lagrimas me fazem parar e refletir um pouco mais.
Eu ainda posso fazer uma grande coisa, com o tempo que ainda resta. Mas posso fracassar de novo, como já fiz tantas outras vezes. Aliás fracasso, anda sendo minha palavra de ordem. Tantos sonhos no papel, tudo tão planejado.. E tudo tão horroroso. Tudo sempre igual. Enfim eu preciso parar de sonhar, esta não é minha única forma de ser feliz, se é que ainda tenho alguma chance. A maré está muito alta e o preço está ficando caro demais para mim. Eu não queria desistir de novo, mas.. não me restam outras alternativas.
E eu nem posso falar isto com ele. Se julga um cara depressivo, problemático e incompressível. Sei bem que ele não seria capaz de entender, na minha opinião.. Simularia uma ataque, estranho e ligaria para o papai pedindo socorro. De quando o conheço, não o vi tomar uma decisão sequer; sozinho.
Talvez seja eu muito independente, desgarrada da família, com muita sede de sumir daqui.
Acho melhor, colocar mais esta culpa na minha conta, assim meus motivos para tomar os tais comprimidos parecem muito mais convincentes. Este problema de alma é complicado. Se minha tentativa fracassar, além de virar motivo de piada.. vou ser monitorada todos os segundos e terei de dar adeus a minha singela liberdade. Além do que, isto traria fantasmas do passado, pessoas seriam culpadas.. e me julgariam uma pobrezinha doida de amor. Por isso tenho que ser bem cautelosa. O plano tem que ser perfeito. Minha vó nunca vai me perdoar, e vai chorar muito quando quebrarem o sigilo do meu computador.
Ela é como uma mãe pra mim, ai se ela soubesse o quanto a amo. Ela tem o abraço mais aconchegante do mundo. Me traz tanta paz. E imagino que se ela estivesse aqui me vendo agora, seria capaz de ler isto dentro dos meus olhos. Não gosto desta historia de carta suicida. Mas... devido as circunstancias.. eu devo escrever uma. Citando todas as pessoas que são importantes na minha vida. Será que são mesmo ? E o que é a vida ? Com a morte, esta dor aliviará ? Quem sou eu ? A liberdade, vem com a morte ?
Estas são perguntas que também já me fiz um milhão de vezes dentro de minha cabeça, dentre tantas duvidas; jamais achei qualquer resposta.
Confirmo mais uma vez com toda a coragem que ainda me resta; o problema não é Ele, não é o amor mau sucedido. Não é, mais um sonho frustado, não é o fato de estar tão sozinha que apenas ouço minha respiração dentro deste grande universo, não são as tantas histórias dos livros, o problema não é o outro Ele. Nem meus pais, nem a falta de dinheiro, nem a falta dos amigos. Nem este país corrupto de merda, que mata crianças em nome da sede de justiça e nem esta sociedade maldita que dita as regras e impõe o padrão a ser ser seguido e nem toda a injustiça; presente no mundo em que as pessoas só pensam em si mesmas, querendo o poder a qualquer custo.
O problema sou eu, e isso é o que mais me angustia, essa falta de cuidado comigo mesma, este meu jeito alucinado de tentar ultrapassar sempre os meus limites. O problema é a falta de heróis, a falta de exemplo. O problema é sempre ser esquecido aqui. Atrás de um computador, escrevendo memórias. Como se faz memórias se não se vive ? E como se vive se dentro de sua alma, no seu intimo, na sua essência, não existe vida ? Eu não sei. E me refaço todas as noites estas perguntas... e procuro comprimidos eficazes, procuro alguém que me ouça. Alguém que não subestime meus medos e muito menos minha coragem. Alguém que não faça de mim a maldita segunda opção. Que é o que eu sempre fui em toda minha vida.

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